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A INSEGURANÇA E O MEDO DE PERDER TUDO

    

     Recentemente estive refletindo sobre minha própria vida, buscando respostas para algumas perguntas que eu tenho. Uma delas, que muito me incomodava, era "porque eu busco tanta segurança em bens materiais e no dinheiro?". Claro que essa não é uma insegurança apenas minha. Eu vejo muitas pessoas apegadas à seus bens ou ao seu trabalho, casamento ou outras pessoas como se as suas vidas dependessem disso. E quando elas perdem o que elas tem, entram em depressões muito profundas, como se tivessem perdido a alegria de viver. Isso é por que a sua alegria estava atrelada a segurança que tudo isso lhes proporcionava. Se perdemos aquilo que nos faz sentir seguros, automaticamente entramos em estado de estresse, nos tornamos emocionalmente instáveis e perdemos nosso ânimo (alegria de viver).

    Todos nós já ouvimos aquela frase "dinheiro não trás felicidade". Alguns concordam, outros discordam. O fato é que para a maioria das pessoas, dinheiro é sinônimo de conforto e segurança, e quanto mais segura uma pessoa se sente, mais animada ela fica. Por isso que na maioria dos casos, pessoas em crises financeiras estão sempre preocupadas e desanimadas: o dinheiro lhes trazia segurança. Agora que o dinheiro se foi, a segurança também se foi, e levou junto com ela seu ânimo. As pessoas se sentem imprestáveis, incompetentes e desanimadas, e parece que, com o tempo, tudo só fica pior. Quanto mais segurança tentamos obter, mais inseguros nos tornamos. Nadamos e nadamos para morrermos na praia. Não sei se você já sentiu ou se sente assim agora, mas quero que saiba que você não está sozinho(a). Muitas pessoas se sentem assim, mas elas não conseguem expressar esse incômodo que sentem, então elas tentam compensar esse vazio de suas almas que a insegurança e o desânimo provocam. O problema é que essa compensação geralmente vem acomopanhada de vergonha e culpa. Aquele sentimento de "porque eu fiz isso?" ou então "porque eu sou assim?".

    Em Timóteo 6:10 podemos ler um ensinamento muito importante do apóstolo Paulo: o AMOR ao dinheiro é a raiz de TODOS os males. Note bem: ele não diz que o dinheiro é a raiz do problema. Ter dinheiro não é um problema. A questão aqui é: quanto valor nós damos aos nossos bens materiais? Quando segurança/alegria o dinheiro nos trás e quanta insegurança/desanimo a falta dele gera em nós? Eu percebi que isso acontece por que não temos o costume de buscar nossa segurança em Deus. Nos sentimos frustrados e com medo, e buscamos fugir do medo, compensando a dor da perda com soluções paliativas. Mas o medo sempre acaba voltando para nos assombrar, e geralmente trás junto consigo a sua amiga raiva. Então a questão se resume a isso: quanto mais inseguros e amedrontados nós estamos por dentro, mais procuramos compensar o vazio interno que as feridas emocionais e o medo nos causaram. A questão é que ao fazermos essa compensação, entramos justamente na base do ensinamento de Jesus, em Mateus 6:24: ninguém pode servir a dois senhores. Ou servirá à Deus ou servirá ao dinheiro (ou seja, as riquezas materiais que o mundo proporciona).

    E talvez você possa persar que isso é algo que você não faria, mas gostaria de te dizer que, inconscientemente, todos nós acabamos fazendo isso. Simplesmente não percebemos. Compramos itens que não precisamos apenas pelo prazer de comprar, nos envolvemos com pessoas pensando apenas no que elas podem fazer por nós e como elas podem nos servir, frequentamos determinados ambientes apenas pelo status social e tomamos certas atitudes apenas com base naquele pensamento "o que é que vão pensar de mim se...?". Geralmente não nos preocupamos com o que Deus pensa sobre nós, ou se, de fato, todas essas questões vão fazer bem a nós a médio e longo prazo. Apenas tentamos sair de um buraco, e quando conseguimos, caimos em outro maior ainda.

A REAÇÃO QUÍMICA DO MEDO

    A questão que mais me chama a atenção sobre o medo e a insegurança é o que eles causam em nosso corpo. Quando lidamos com uma situação qualquer que desperta nosso medo, nosso sistema de defesa cerebral é ativado, e entramos em modo "luta x fuga". A questão é que como a maioria de nossos medos são irreais acabamos lutando ou fugindo de nós mesmos. O ponto aqui é que cada vez que o sistema de emergência é ativado, uma quantidade absurda de cortisol é liberado em nossa corrente sanguinea, se espalhando por todos os lados do nosso corpo, incluindo coração e cérebro. Se vivemos sob constantes inseguranças, significa que temos cada vez mais cortisol percorrendo nosso corpo, e cortisol em excesso causa inúmeros problemas de saúde. A maioria das pessoas que infartam tem níveis tão astronômicos de cortisol no sangue que o coração simplesmente não consegue mais aguentar tanta pressão e sucumbe. E algumas dessas pessoas parecem tão calmas, pacíficas e tranquilas. Quando acontece algo assim, nos perguntamos "porque isso aconteceu?", mas o fato é que ninguém sabe os medos e inseguranças internalizados que os outros guardam dentro de si. Em outras palavras, ninguém sabe de quais medos nós estamos fugindo ou com quais medos nós estamos lutando. Às vezes, nem sequer nós sabemos (ou percebemos).

    Uma dica que posso dar, e que tenho usado para enfrentar meus medos de frente é pensar neles e no pior que poderia acontecer se meus medos realmente se realizassem. A maioria das pessoas, quando se trata de lutar contra os seus medos, simplesmente foge. Elas dizem "não quero nem sequer pensar nisso". O ponto é que todos os nossos medos terminam da mesma maneira: temos medo da morte (seja ela física ou emocional, traduzida pelo medo da rejeição). Todos nós passamos por situações que nunca desejamos passar, mas ainda sim sobrevivemos a elas e estamos aqui. Eu mesma passei por diversas situações tão complicadas que, para mim, foram o fundo do poço, e ainda sim, em algum momento, eu consegui sair de lá viva, e hoje conto essas histórias enquanto consigo dar risada do meu sofrimento passado. Aliás, é assim que eu sei que me curei de algo: consigo dar risada das situações trágicas pelas quais passei. Hoje em dia, ao confrontar meus medos, me lembro que já estive naquele lugar e consegui sair. Todo túnel chega ao fim. Nada é para sempre. Esperar por dias melhores e acreditar que eles existem faz com que a gente os atraia para perto de nós.

    Eu realmente te incentivo a ter uma conversa consciente com cada um dos seus medos. Nós aprendemos que o medo é nosso inimigo, mas eu penso que o medo é nosso amigo: ele zela por nós, e quando ele aparece, é por que precisamos conversar com ele. Olhar todos os prós e contras da situação e tomar uma decisão com responsabilidade, e não simplesmente deixar o medo nos paralizar ou nos colocar em rota de fuga para nos escondermos debaixo de nossas camas. Por isso minha estratégia tem sido essa: enfrentar meus medos e seguir meu destino sem desanimar. Espero que o mesmo possa vir a acontecer com você.


Tenha uma ótima semana!